quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Lembranças esquisitas da infância




      Você também guardas aquelas lembranças esquisitas da infância, que parecem não ter relevância nenhuma, mas mesmo assim persistem em existir (e resistir a velhice) até hoje em nossa tecnologia bio-química de armazenamento, vulgo: mente.
      Me refiro, à coisas que deveriam ser simplesmente um dia comum da nossa infância, em que nada relevante aconteceu, mas, a cena ainda persiste de forma vívida. 


     Eu por exemplo, volta e meia relembro de uma cena em que eu deveria de ter uns 4 ou 5 anos, e na época havia sido lançado uns carrinhos metálicos, que tu colocava uma cordinha plástica no meio, puxava e eles faziam uma fricção fortíssima, dai tu soltava eles no chão para enfim andarem. Eu tinha um roxo, esquisito, com uma roda no meio e depois ganhei um outro, mais largo e amarelo metálico... 


   Enfim, deixando de lado os detalhes dos brinquedos, a questão é, lembro de um dia ir brincar com eles de manhã, a empregada que cuidava de mim estava em outro quarto, Sayonara, era o nome dela (que fim será que levou?) , e eu fui para um quarto onde havia um forte feixe de luz do sol entrando ("comportamentos da essência animal", bons tempos ... meu gato também faz isso), e como os carrinhos eram metálicos, refletiam o sol na parede, formando assim uma textura (pelo menos em minha cabeça na época) parecida com a superfície da lua, ou de algum outro planeta. Então ao invés de eu brincar com os carrinhos em sí, eu ficava girando eles contra o feixe de luz, para fazer o reflexo na parede se mover horizontalmente, fazendo a textura simular o movimento contra a minha percepção visual, e assim eu ficava viajando que estava sobrevoando outro planeta. Depois eu usava o carrinho roxo para mudar a cor da textura, e "viajar em outro paneta".Pois é, sempre que fico sozinho em alguns momentos, acabo lebrando disso. Agora eu comparo, aquele momento com o qual estou então na ocasião, hoje adulto, eu gostava de ficar sozinho, para viajar, um pouco.  Desprender-me um pouco da realidade.  Acho que é um comportamento natural da nossa essência, que assim como essa memória que persiste, também persiste hoje em dia na gente. Seja como foro, sempre estamos desesperadamente em busca destes momentos, egoistas, um momento de um mundo só para nós, um "lance" meio pequeno principe em seu planeta. Lembro da brincadeira acabando quando eu "senti" a aproximação da Sayonara vindo. Sabe esse " sentir" que a gente também tinha quando eramos pequenos? Que é uma espécie de outro sentido que parece que foi desativado, ou pelo menos, enfraquecido?