sábado, novembro 15, 2008
Presságios: O Gato Cinza!
-Ontem eu enterrei um gato. me disse o Gabriel hoje de tarde.
-Um gato todo cinza, tipo o Amon.(meu gato) Acho que uns maloqueiros deram uma paulada nele. Eu vi um maloqueiro comentando pro outro, "bah esse gato mexendo nas minhas coisas..."
"Puts," pensei na hora.
-Um gato de olho verde?? não me diz isso que eu fico triste, vê se não é esse aqui? e mostrei pra ele uma foto que eu tinha no celular. Ele olhou, deu uma analisada e disse.. "baah pior, que pode ser."
Porra que merda, isso tem que significar alguma coisa, ontem a noite voltando pra casa bêbado lembrei desse gato, e pensei algo de importância a respeito, mas agora não me lembro o que era. Definitivamente é um presságio, mas agora não sei se é bom ou ruim.
Vou contar sobre esse gato..
Esses tempos eu tava dormindo, e ouvi uma gritaria de gatos seguida por um barulho enorme e oco que me acordou, tomei um susto, mas na hora não consegui raciocinar e entender o que estava acontecendo, e voltei a dormir.
No outro dia de tarde eu tava cozinhando, e tive a impressão de ouvir uns barulhos no forro, achei que talvez pudesse ter ratos no telhado, sei la, mas logo depois ouvi uns miados. Achei estranho mas não dei bola. De noite, eu tava no computador, e ouvia um gato miar, tive quase que certeza absoluta de que tinha um gato dentro do forro, olhei pra cima do telhado pela janela, e tinha um vizinho olhando, perguntei pra ele se tinha um gato no telhado, e ele disse que sim. Me pendurei na janela e realmente vi um gato cinza, indo pro outro lado do telhado, fiquei pensando, como o gato foi parar la em cima e como diabos ele ia fazer pra descer. Como já era madrugada, fui dormir, e no outro dia de manha ouvia o gato miar. Decidi então subir no telhado e resgata-lo, desmontei umas telhas, e fui para fora. Vi o gato, mas quando cheguei no topo do telhado ele sumiu. Não entendi. Desci de novo pra dentro de casa e olhei pela janela, foi quando percebi que tinha um pequeno buraco ali, por onde o gato entrava e saia de dentro do forro. Então subi e volta com uma lanterna e tentei encurralar em um canto dentro do forro, ele fez um fiasco na hora e não deixou eu me aproximar. Vi uns plásticos arranhados e rasgados no escuro, porra, o bicho tava a três dias ali no escuro desesperado, e devia estar morrendo de fome, levei um pouco de ração pra ele, e com muita paciência fiquei umas 3 horas subindo e descendo para tentar ganhar a confiança dele e fazer uma amizade. Até que finalmente ele confiou em mim, e veio em minha direção, fiz um carinho nele e ele começou a ronronar, no mesmo momento trocou aqueles miados desesperados e violentos, por miadinhos interrogativos de alivio. Pra tirar ele la de cima foi outra tarefa fóda. Como eu ia descer com o gato que eu tinha acabado de conhecer no colo uma escada alta daquelas? Certamente ele ia me arranhar todo. Dito e feito, o bicho ficou com medo e não quis ir comigo, eu falava pra ele vir, que eu não ia fazer mal pra ele, só queria ajudar. Levei uma bolsa vermelha la pra cima, coloquei ele dentro e desci com ele gritando sem parar e fazendo o maior escândalo no corredor do prédio, então abri rapidamente a bolsa para ele se acalmar e parar, mas nisso ele correu direto pra dentro do meu apartamento. Então vi a sombra do Amon crescendo em direção da porta, e então ouvi os gritos selvagem dos dois. O Amon tinha atacado ele! Corri pra dentro de casa pra ver o que fazer, e os dois estavam rolando, nunca tinha visto o Amon assim, enfurecido, lutando mortalmente contra o gato, que no auge do desespero deu um pulo tentando livrar-se das patas do Amon, e saiu correndo tentando atirar-se pela janela da cozinha, nisso consegui pegar o Amon que bufava com tufos de pêlo do bicho na boca e tentei acalma-lo, achei que ele ia ter um "tróço", ele grunhava respirando ofegante e fazendo um barulho sinistro, parecia que tava possuído e perto de ter um ataque cardíaco. O gato cinza tava pendurado na janela em um impasse de pular ou não. Ele viu que se pulasse seria morte certa. Eu prendi o Amon no quarto e resgatei o gato cinza da janela novamente. Parecia que ele era um suicida. Acalmei os dois, e dai me surgiu uma duvida na qual eu não tinha pensado ainda. E agora?? O que eu vou fazer com esse gato?
O Amon não vai gostar nem um pouco que o gato fique com ele, e pra mim vai ser fóda assumir essa responsabilidade de cuidar de outro gato. Mais um pra sujar. Mais um pra comer.Eu gostaria muito de poder ficar com ele, era um gato bem bonito. Mas eu não podia...
Não sabia se o gato era da rua, ou se tinha fugido de algum lugar, ele já era meio crescido, porém ainda em fase adolescente, me lembrava o Leopoldo, outro gato que eu tive e havia morrido. Levei ele até aporta do prédio pra ver qual seria a reação dele. Ele não queria ir, deixei a porta aberta e abri a bolsa na qual levava ele. Lançou um olhar feroz para a rua, pensou um pouco, e saiu num raio pra fora. Quando estava fora do prédio, diminuiu o ritmo e olhou para os dois lados cheirando o ar profundamente. Fui até a porta e sentei para ver o que ele iria fazer, ele veio junto a mim, e ficou do meu lado, como se fosse um cachorro adestrado. Na hora achei isso muito afudê, porra, sempre quis ter um gato assim. As pessoas passavam e ficavam olhando aquilo. -Esse gato é teu? Me perguntou o vizinho que apareceu na janela.
Expliquei sobre o gato e ele disse que eu ia ter que adoptar ele, e eu respondi que não podia. Não sabia o que fazer, desci um pouco a lomba e o gato veio me seguindo, desviando dos obstáculos, voltei e ele voltou também. Foi um momento muito legal, por instantes me senti como um outro felino selvagem. Sentei de novo e ele deitou ao meu lado. Tirei uma foto dele (essa que ta ai em cima). E falei pra ele que ele ia ter que se virar, pensei que talvez ele fosse ficar pelas redondezas, e as vezes assim que possível pudesse ajudar, ele correu para baixo de um carro e ficou olhando as pessoas passarem, aos poucos ele foi descendo, de carro em carro, umas horas vi ele atravessando a rua no sol, e aos poucos ele foi se sumindo. Na hora desejei tudo de bom para ele. Ansiei para que a natureza se encarregasse de dar a ele um bom destino e zelasse pela sua alma. E então, ele se foi...