domingo, novembro 09, 2008

Sonhos: Jacarés


Aqui estou eu, enxergando as minhas próprias mãos na 7 de setembro com a caldas júnior, quase na esquina do meu escritório. Mas o fato mais engraçado é que a rua esta vazia, e nesse horário normalmente é cheio de carros e pessoas transitando, o que será que está acontecendo? E afinal, o que diabos eu to fazendo aqui sozinho no meio da rua? parece que a minha memória dura apenas alguns segundos, lembro que eu tava esperando o meu amigo descer do prédio que eu trabalho, mas ele pegou o caminho errado, e saiu com o.. cachorro dele? bah aquele cachorro dele é fogo, ele sempre fica pra trás por causa daquele bicho. Bom vou subir e seguir o meu caminho pela rua da praia, não sei nem por quê, talvez por instinto, meu inconsciente tem um certo piloto automático em andar por essas ruas, mas que estranho, a cidade esta toda vazia? parece que não existe pessoa alguma em lugar nenhum, parece que eu sou o único da cidade. alias, é verdade, não tem ninguém na cidade?? Agora estou com medo! Será que eu bati com a cabeça, será que eu morri? será que eu estou..

- Hey mocinho...

Me disse uma senhora vindo por trás .
Uma senhora loira, com um batom bem saturado nos labios, aparentando bastante idade, porém extremamente conservada, e com o corpo bem ágil, alto e bizarríssimamente curvado. Devo ter demonstrado um susto ao ser surpreendido por ela, e ela proseguiu o assunto.

- Você sabia que estão dando um prêmio de 60 milhões para a pessoa com maior vibração de toda a cidade. Você parece ter uma vibração muito boa, venha. Me disse ela segurando a minha mão e esfregando-lhe os dedos. Senti um certo prazer e tentei retribuir o carinho.
-Me chamo "La Señora", disse ela. Sua mão emanava um certo brilho dourado, me senti super sensível, ao mesmo tempo em que tentava entender sobre o que ela se referia com "vibração". Então ela foi me conduzindo em direção à uma praia ali por perto. Foi quando eu comecei a ver que na verdade a cidade não estava deserta, pois existiam muitas pessoas ao meu redor. Os auto falantes anunciavam por toda a cidade sobre o tal prêmio de 60 milhões, e como que eu não tinha percebido isso até agora? devia estar muito preocupado com o meu outro amigo que estava comigo. Alias, agora que eu lembrei, antes de estar no meio da rua olhando para as minhas mãos eu estava fugindo de uns marginais com o meu outro amigo, lembro de um grupo de pessoas vindo na nossa direção, e na verdade nem eram bem pessoas, eram mais uma espécie de vultos, que juntos formavam uma massa escura e sinistra. Mas que estranho? Nada disso faz muito sentindo.

Foi nesse momento que vi um jacarezinho, bem verde, gordo e viscoso, saindo da agua e correndo em nossa direção, devia ter uns 75 centímetros, tentei guiar a senhora que estava comigo pela mão para desviar do animal, nessas alturas eu estava sentindo um certo afeto por ela, mas não consegui conduzi-la, pois o bichinho resolveu correr contra a nossa direção, e na tentativa de pular desesperadamente para desviar dele enquanto me atacava, acabei soltando a mão da "la señora", foi nesse momento que percebi que haviam muitas pessoas em volta da orla do rio, lembro de ter lembrado na hora da maneira que os jacarés atacavam quando estão famintos, ficando em espreita na beira da agua, esperando as suas presas aproximarem-se e dando um bote mortal, tentei falar para as pessoas tomarem cuidado, foi então que percebi que eu conseguia enxergar por através da agua, até então eu nem sabia que eu possuia esse dom, e mesmo havendo uma grande distancia entre eu e a orla, vi que o rio estava infestado de jacarés gigantes, que se entrelaçavam dentro da agua, era repugnante. Então vi um rapaz gordinho vestindo uma camisa vermelha, la no meio da agua, gritei para ele sair, mas ele ficou fazendo uma palhaçada debochando de mim e fingindo que estava afogando-se, na hora fiquei puto da cara com ele por estar debochando de mim. De repente ele entrou para dentro da agua e demorou muito para sair, pensei que talvez ele não estivesse mais brincando, nisso começou um tumulto de pessoas gritando para tentar tira-lo da agua, e o pânico se proliferou entre todas as pessoas, ele realmente não estava mais brincando, lembro de ter pensado: "bem feito! ele ficou fazendo merda la dentro, agora eu é que não vou me arriscar por ele." Tentei procurar a "la señora" que estava comigo, enquanto se formava um grande grupo de pessoas tentando salvar o indivíduo de camisa vermelha. Nesse momento eu sentia uma ligação muito grande com ela, e me desesperei procurando por ela, ao ponto de estar quase chorando por não encontra-la, ouvia ela gritar meu nome de algum lugar, "Edner, venha ajudar!" Mas não via ela em lugar nenhum no meio de tanta gente. Umas horas eu ouvia apenas a sua voz dizer, "Edner volta", depois "Edner venha ajudar", fiquei meio confuso. Foi quando vi através da agua com a minha "super visão" o cara de vermelho, ele estava quase na beira, porém ainda todo dentro da água, vi ele se afogando e estendendo a mão para mim ajuda-lo a sair. Na hora pensei puta que merda, mas não resisti a expressão de seus olhos e seu rosto, como que implorando para que eu lhe ajudasse a continuar vivo, então corri para tentar agarrar a mão dele. E no exato momento em que fui agarrar-lo, não senti sua mão, e ele se foi, sugado quase que instantaneamente para o infinito, vi ele sumir muito rápido, dando lugar a apenas algumas bolhas que se formaram na agua devido a velocidade em que ele foi tragado. Em apenas um segundo me senti muito mal, ele se foi, e eu demorei para ajudar-lo, mas não tive muito tempo para me lamentar, pois fiquei preso, e agora era a miha vida que estava em perigo. Vi um jacaré giganteso no meu lado, seu tamanho era surreal, na hora me ocorreu a ideia de que ele era uma espécie de rei dos jacarés, metade do meu corpo da cintura para baixo estava dentro da agua e eu não conseguia sair. estava preso, como se a agua fosse feita de areia, cheguei a quase que sentir a dor agoniante na minha perna direita de ser triturado pelas mandíbulas daquele animal, tentei persuadir rapidamente um homem de barba que se aproximava por detrás de mim para me ajudar puxando-me para fora da agua. "Vem rápido, me puxa aqui, não pensa" foi minha reação automática de sobrevivência ao quase ser dominado pelo medo. Acordei. Não sei o que aconteceu comigo depois...